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Como podemos unir forças para preservar a vida selvagem no planeta?

Texto: Tamara Nanni – Comitê Sustentabilidade Facens

Hoje, 3 de março é o dia Mundial da Vida Selvagem, uma data onde celebramos a diversidade da vida, mas também onde alertamos sobre as ameaças e unimos formas para combater a perda da biodiversidade.

Segundo a ONU Meio Ambiente, biodiversidade, ou diversidade biológica, é a variedade de seres vivos que habitam a Terra. Ela contempla as cerca de 8 milhões de espécies no planeta, incluindo plantas, animais, fungos e bactérias, bem como os ecossistemas que as abrigam – oceanos, florestas, ambientes montanhosos, recifes de coral e outros.

Ecossistemas saudáveis, ricos em biodiversidade, são fundamentais para a existência de todos os seres, inclusive nós, os humanos. Os ecossistemas sustentam a vida humana de inúmeras maneiras, limpando o ar, purificando a água, garantindo alimentos nutritivos, medicamentos baseados na natureza e matérias-primas, além de reduzirem a ocorrência de desastres naturais.

Quem já se tranquilizou passando tempo no jardim, descansando no campo, contemplando um passarinho bonito daqueles que tem no campus da Facens sabe: nós estamos mais conectados com a vida selvagem que separados. A vida expressa através da fauna e flora tem cheirinho de casa.

Poderia discorrer mais aqui sobre os momentos e sensações de paz que eu sinto quando penso na vida em suas diversas manifestações. Porém, para que nós e as futuras gerações possam aproveitar momentos como estes, preciso alertá-los sobre a situação atual da vida selvagem.

Marco Lambertini, diretor geral da WWF International escreveu “Não podemos ignorar as evidências – esses graves declínios nas populações de espécies selvagens são um indicador de que a natureza está se desintegrando e que nosso planeta está exibindo sinais de alerta vermelhos de falha de sistemas”.

OPA! Alerta ligado

Quem já participou de alguma oficina lá na Facens que o LIS e o Comitê de Sustentabilidade oferecem, sabe do que Marco está falando. Temperaturas cada vez maiores, números gigantescos de resíduos plásticos em nossos mares e desigualdade crescente são alguns indicadores de que nosso modelo de desenvolvimento atual está nos levando cada vez mais rápido para o lugar errado.

Hoje, vamos olhar nosso sistema falho tirando o foco de nós seres humanos. O mergulho sobre as consequências estará direcionado a todas as outras formas de vida que compartilham o planeta com a gente.

De acordo com o Living Planet Report 2020, nos últimos 50 anos, atividades humanas têm causado diminuição de 68% da biodiversidade. Infelizmente, essa diminuição vem acontecendo em ritmo nunca antes vistos.

Embora essa queda tenha advindo em todas as regiões do mundo, a diminuição é desigual. Europa e Ásia Central com 24% apresentam os menores índices de perda de biodiversidade, enquanto que América do Sul com 94% apresenta o pior índice.

Figura 1 – Índice Planeta Vivo Fonte: WWF, Planeta Vivo 2020

O cenário parece caótico, mas a boa notícia é que podemos reverter as tendências de perda da biodiversidade repensando nosso relacionamento com a natureza e agindo imediatamente para ampliar e a responsabilidade em protege-la.

Porém, antes que comecemos a pensar em algumas estratégias para desacelerar essa queda, precisamos nos aprofundar nas causas diretas e indiretas que vem ameaçando a biodiversidade.

Desde 1970, as principais ameaças para a vida selvagem tem sido:

  • Mudança no uso de solos e mares (incluindo perda de habitat e degradação): esse item se refere a modificação do meio ambiente onde as espécies vivem pela completa retirada, fragmentação ou redução na qualidade de seu habitat. Mudanças de solo mais comuns são causadas pela agricultura insustentável, extração de madeira, vias de transporte, desenvolvimento de áreas comerciais ou residenciais, produção de energia e mineração. Para os ambientes aquáticos, fragmentação de rios e capitação de água são as principais causas.
  • Superexploração das espécies: Há formas de superexploração direta e indireta. Exploração direta se refere a caça ou colheita insustentável, seja para colheita ou para comércio. A superexploração indireta ocorre quando espécies não-alvo são mortas involuntariamente.
  • Espécies invasoras e doenças: espécies invasoras podem competir com espécies nativas por espaço, doença e outros recursos, podendo tornar-se predadoras das espécies nativas, ou espalhar doenças que não estariam presentes no local. Humanos também transportam novas doenças de uma para outra área do globo.
  • Poluição: pode afetar diretamente uma espécie tornando insustentável sua sobrevivência em um ambiente (isso é o que acontece, por exemplo o caso de vazamento de óleo). A poluição também pode afetar de maneira indireta, comprometendo a disponibilidade de comida ou a capacidade de reprodução das espécies, reduzindo assim sua população ao longo do tempo.
  • Mudanças Climáticas: as mudanças na temperatura podem confundir os sinais que desencadeiam eventos sazonais, como migração e reprodução, fazendo esses eventos aconteçam a hora errada (por exemplo, reprodução desalinhada e o período de maior disponibilidade de alimentos em um habitat específico).

Pegada ecológica!

Mas essa é só a primeira camada das causas da diminuição da biodiversidade. Se continuarmos explorando as estruturas que alimentam as ameaças supracitadas começaremos a nos encontrar nas raízes desse problema.

Você disse “Nos encontrar”? Eu? O que eu tenho a ver com mudança do uso do solo, ou superexploração, poluição, espécies invasoras e as mudanças climáticas?

Bora pensar.

Nos últimos 50 anos, avanços técnicos e científicos propiciaram uma melhora exponencial na longevidade, no aumento de conhecimento e na qualidade de certos padrões de vida. Tudo isso se deu com enormes custos sobre a natureza.

Para nos ajudar a entender melhor esses custos usaremos o conceito de Pegada Ecológica. A Pegada Ecológica é a medida que compara a capacidade de regeneração de todos os sistemas vivos da Terra (em termos técnicos, a biocapacidade) com todas as demandas de uso e extração de nós, humanos.

Em 2020, a Pegada Ecológica média de toda a população foi de 1,56. Ou seja nesse ano, nosso estilo de vida retirou e explorou os serviços ecossistêmicos da Terra em uma velocidade 1,56 vezes mais rápido do que a capacidade de regeneração.



Figura 2 – Pegada Ecológica da Humanidade vs Biocacapidade da Terra – Fonte: WWF, Planeta Vivo 2020

Tudo isso para produção de comida, energia, residências, bens excessivos de uma população cada vez maior e que quer cada vez mais. Todos nós colaboramos para essa Pegada Ecológica. Você pode fazer o teste da sua Pegada Ecológica aqui e ver quanto contribui para marca.

Todos nós contribuímos para esses problemas: desde a desigualdade até a diminuição radical da biodiversidade.

E agora, José?

Esse é o momento das oficinas em que geralmente as pessoas entendem que esse sistema que diminui a existência da vida precisa ser alterado. No entanto, eles parecem complexos demais para nós, pequenos mortais, intervirmos de alguma forma.

Por isso aqui selecionamos algumas sugestões para que possamos começar a transitar para um modelo de desenvolvimento que respeite os limites do planeta. Vamos juntos:

APRENDA: a pandemia está sendo péssima, mas esse período que estamos em casa podem ser utilizados para aprender um pouco mais sobre as espécies e habitat selvagens com os quais convivemos. Segue as dicas:

  • Descubra o que sua cidade e governo nacional estão fazendo para proteger o meio ambiente.
  • Assista o documentário “Nosso Planta” (em inglês, Our Planet) disponível no Netflix. É um documentário dividido em oito episódios que reúne imagens feitas ao redor do mundo – e pela primeira vez registradas – sobre a vida selvagem, a beleza natural da Terra, as extraordinárias criaturas vivas, as mudanças climáticas e o impacto que elas estão ocasionando para nossa existência.
  • Participe da Escola da Terra e assista a 30 lições sobre o meio ambiente hospedadas no TED-Ed, com curadoria de alguns dos melhores professores do mundo https://ed.ted.com/earth-school
  • Descubra as espécies ameaçadas de extinção que são traficadas pelo comércio ilegal de animais selvagens em https://wildfor.life/pt/a-campanha
  • A principal fonte que eu utilizei para escrever esse breve artigo foi um relatório retirado do site da WWF. Além do relatório, o site apresenta muitos conteúdos interessantes https://www.wwf.org.br/

COMPARTILHE: nesse dia Mundial da Vida Selvagem, pediremos para você compartilhar com a gente porque você ama o mundo natural. Com a #ForestPeoplePlanet, #WorldWildlifeDay, #WWD2021 você pode manifestar nas redes sua preocupação com manutenção da biodiversidade e cobrar do poder público da sua região medidas para conservação da vida.

AJA: pedimos a todos que comecem a agir com base no conhecimento adquirido para mitigar a perda da biodiversidade e a crise climática. Somente fazendo nossa parte podemos permitir que a natureza se cure, garantindo um futuro melhor e mais saudável para todos e todas.

  • Mude sua dieta para alimentos mais sustentáveis, especialmente suas principais fontes de proteína;
  • Viaje menos – limite suas viagens quando as coisas voltarem ao normal após a pandemia de coronavírus;
  • Deixe alguns espaços verdes em seu jardim, onde polinizadores e insetos possam prosperar;
  • Expresse para seu governo municipal e nacional que é importante cumprir as metas ambientais prometidas;
  • Evite comprar plásticos descartáveis. O plástico que acaba na natureza é frequentemente confundido com alimento pelos animais, tanto na terra quanto no mar. Para muitas espécies, eles podem causar ferimentos graves e até a morte;
  • Recicle o máximo que puder;
  • Plante um jardim urbano em sua varanda ou quintal ou apoie um jardim urbano comunitário de plantas nativas;
  • Lance uma nova campanha vinculada ao Dia Mundial da Vida Selvagem. Torne-a específica para um problema ou espécie local! Não sabe como? Passa lá no LIS que a gente pensa juntos!
  • Minimize o uso de produtos químicos domésticos que podem ser tóxicos ao solo e às águas subterrâneas. Em vez disso, experimente produtos naturais, como vinagre, água e sabão comuns; e,
  • Procure saber a origem dos produtos que você consome e o impacto de sua cadeia produtiva. Dê preferência para os produtos e alimentos produzidos localmente.

Olha só, tem um punhadinho de ideias para começar a entender e se engajar em prol a vida, inclusa nela a vida selvagem. E é importante ressaltar que cada pequena ação conta.

Mas que nesse novo caminho, em cada pequena ação, a gente se abra para a verdadeira transformação. Que a gente possa a restabelecer aquelas antigas conexões, nos vermos partes de um todo, para o qual contribuímos. Que durante essa caminhada possamos nos reconectar com a natureza, uns com os outros e com nós mesmos. Somos todos natureza.

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Eliane
Eliane
3 anos atrás

Texto muito bem explicado e com muitas ideias de como podemos agir melhor neste mundo.

trackback
3 anos atrás

[…] 3 de março é o dia Mundial da Vida Selvagem, uma data em que celebramos a diversidade da vida, mas também onde alertamos sobre as ameaças e unimos formas para combater a perda da biodiversidade. Ela contempla as cerca de 8 milhões de espécies no planeta, incluindo plantas, animais, fungos e bactérias, bem como os ecossistemas que as abrigam oceanos, florestas, ambientes montanhosos, recifes de coral e outros. Ecossistemas saudáveis, ricos em biodiversidade, são fundamentais para a existência de todos os seres, inclusive nós, os humanos. Link: https://blog.facens.br/como-podemos-unir-forcas-para-preservar-a-vida-selvagem-no-planeta/ […]

marta marciana pereira
3 anos atrás

tambem faz um grande apelo pela amazonia alguma denucia esta la tambem
https://youtu.be/XtsnpUa3F7U

Expediente

Jornalista responsável:
Elis Marina de Amaral Gurgel Nunes (MTB 0094600/SP)

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