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Afinal, por que produzimos tanto plástico?

Existem muitas variáveis que explicam a razão de consumirmos tanto plástico. Porém, elas não justificam o descarte excessivo. Vem entender com a gente!

Um pouco de história

A história do plástico começa em 1862, quando um metalúrgico e inventor chamado Alexander Parkesine, criou o Parkesine, primeiro plástico feito pelo homem.

O Parkesine foi patenteado em 1855, era um material derivado da celulose que quando aquecido apresentava grande maleabilidade.

Era possível molda-lo a qualquer forma desejada.  Porém, somente após 1907 os polímeros sintéticos começam a aparecer, com excepcional dureza, resistência ao calor e isolante elétrico.

Na década de 30 o nylon foi inventado e somente após a segunda guerra mundial tivemos a criação do vinil, poliestireno, polietileno, isopor, além do outros materiais plásticos que conhecemos atualmente.

A importância do plástico

Imagine a seguinte situação, estamos em uma realidade paralela onde o plástico não existe. Agora olhe ao seu redor. Veja todos os produtos que são feitos de plástico. Imagine que agora eles são confeccionados com outros materiais como papel, madeira ou metal.

No caso do papel ou madeira, provavelmente não teríamos a mesma durabilidade, nossos produtos se degradariam facilmente com o tempo, além do risco de incêndio no caso dos eletroeletrônicos.

Se esses produtos fossem confeccionados com metal, teríamos uma maior resistência mecânica e durabilidade, porém seria mais dificil de molda-los, tornando-os mais caros.

Metais ainda conduzem eletricidade, sendo fundamental uma construção muito bem feita nos eletroeletrônicos. Isso encareceria ainda mais nossos notebooks, monitores, televisores e celulares.

Nessa realidade paralela, um inventor acabou de conceber um material altamente resistente que não se degrada facilmente com o tempo, que é facil de moldar, leve, barato e que não conduz eletricidade. Eureca! Achamos uma solução para os nossos problemas! Teremos bens duráveis, funcionais e baratos!

Parece lógica nossa experiência, ou coisa de louco? Independentemente da sua resposta, isso exemplifica a importância do plástico para o nosso modo de vida. Já ouviu falar em impressora 3D? Eu considero algo fenomenal! Como é possível atualmente construirmos formas complexas e criar o que quisermos?

Pois bem, adivinhe qual é a matéria prima utilizada. Existem várias, mas as resinas plásticas são as preferidas, justamente por ser facilmente moldável, resistente e leve. Sem exceção, todos os setores da economia utilizam plástico: a construção civil (geossinéticos), agricultura (embalagens seguras de defensivos), de calçados, móveis, alimentos, têxtil, lazer, telecomunicações, eletroeletrônicos, automobilísticos, médico-hospitalar e distribuição de energia.

Sem plástico, o setor de embalagens para alimentos e bebidas passaria por maus bocados. Em função das características dos plásticos como: a transparência, resistência, leveza e sua não toxicidade, temos uma forma barata e segura de armazenar e transportar alimentos.

Estima-se que estaríamos 200 anos atrasados tecnologicamente, se não o tivéssemos inventado (Pesquisa Fapesp).

Então, qual o problema?

O plástico sintético não existe na natureza, então a natureza não sabe bem o que fazer com ele. Suas moléculas possuem centenas de milhares de átomos, principalmente carbono e hidrogênio.

Como as ligações entre esses átomos são muito estáveis, os decompositores não conseguem quebra-las e decompor o material até destruí-lo completamente.  

Essa situação é bem diferente de produtos derivados de celulose. Como esses são derivados de matérias primas que existem na natureza, os organismos estão habituados com sua presença e conseguem decompô-los.

Mas o plástico não o único material que sofre com esse problema, vidro e ligas metálicas, como as de alumínio e aço inoxidável, também são altamente duráveis.

Mas existem alguns fatores que o diferenciam desses outros materiais. Existem muitos tipos de plástico e alguns são bem difíceis de se reciclar, ou se reutilizar. Por ser um produto muito barato, em diversas situações não é “economicamente viável” recicla-lo.

Em eletroeletrônicos temos um processo de obsolescência, que atualmente está ganhando proporções assustadoras com o grande avanço tecnológico. Portanto, há uma grande geração de resíduos.

 Embalagens de alimentos, defensivos agrícolas e de materiais da saúde normalmente são descartáveis após a primeira utilização, pelo alto risco de contaminação. Como resultado geramos uma quantidade enorme de resíduos plásticos e não temos como reaproveita-los.

Segundo a Revista Pesquisa Fapesp, “Calcula-se que, a cada ano, mais de 8 milhões de toneladas de lixo produzidos desse material cheguem aos oceanos, provocando prejuízos à vida marinha, à pesca e ao turismo.

Grandes aglomerações de plástico flutuante estão presentes em todos os oceanos – são os chamados giros. O maior deles, a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, forma-se na altura do Havaí e da Califórnia e se estende até o Japão.” (Pesquisa Fapesp).

Por essa razão, a famosa imagem da tartaruga com o canudo se tornou tão icônica. Há um impacto enorme dos resíduos plásticos sob a vida aquática e, embora pareça que isso não afeta nossas vidas, as Organização das Nações Unidas (ONU) estima que essa situação traz um prejuízo de aproximadamente US$ 8 bilhões por ano, resultado das perdas econômicas na pesca, turismo e outras.

O problema vai muito além da tartaruga

As tartarugas podem estar distantes de você, mas além do risco de nossos filhos ou netos não conhecerem uma tartaruga, ou praias sem plástico; o grande volume de resíduos plásticos gerados tem outro problema, onde vamos colocar as montanhas de resíduos que produzimos?

Estima-se que podemos chegar a um nível de produção de 550 milhões de toneladas em 2030 (Pesquisa Fapesp). Atualmente estamos em “apenas” 400 milhões de toneladas. O Brasil quase ocupa o pódio no ranking mundial de produtores de resíduos plásticos, está em quarto lugar. Atrás dos EUA, China e Índia (G1). 

Mesmo assim, produzimos cerca de 12 milhões de toneladas por ano. O mais assustador e saber que só reciclamos apenas 1,2% desse montante, aproximadamente 145 mil toneladas.

Você ajuda nessa conta produzindo cerca de 1kg de resíduos plásticos por semana (eu também).

A poluição desse tipo de resíduo ainda tem consequências na qualidade do ar, do solo e sistemas de fornecimento de água, já que o material absorve diversas toxinas e pode levar até 100 anos para se decompor na natureza.

Veja só o que acontece em Salto, no rio Tietê:

Fonte: G1.

O que podemos fazer?

Eu acredito que temos duas maneiras de enfrentar problemas, vendo o copo meio cheio ou meio vazio. Vejo uma situação similar aqui.

Pela perspectiva do copo meio cheio, temos uma grande oportunidade de criar novos métodos de reciclagem e encontrar outros materiais que consigam substituí-lo, criando uma nova cadeia da economia, muito mais limpa.

Eu sempre sonho em ver meus alunos da Engenharia Civil encontrando formas de utilizar resíduos plásticos como materiais construtivos.

As vezes temos preconceito em utilizar resíduos para finalidades nobres, mas veja a imagem logo abaixo, duvido que você desconfiaria que essa casa é feita de resíduos plásticos.


Fonte: Setor Reciclagem

Ela utiliza um novo composto chamado Thermo Poly Rock (TPR) que segundo a empresa Affresol, tem baixa emissão de carbono, mais leve e mais durável que o concreto, além de ser a prova de fogo, impermeável e com ótimo isolamento térmico. Eureca! Parece que os inventores estão novamente encontrando as soluções para nossos problemas.

Mas isso não se limita somente a Engenharia Civil, existem várias outras iniciativas que podem nos inspirar.

Quatro estudantes da Universidade Federal de Sergipe, do curso de Química, desenvolveram um plástico biodegradável, chamado de bioplástico, que é produzido a partir de uma matéria-prima abundante na região: a cana-de-açúcar (Consed). Temos infinitas possibilidades, depende de nós, da nossa criatividade e do nosso conhecimento.

Agora, o copo meio vazio: assim como uma droga viciante, nosso padrão de consumo está muito associado ao consumo de plástico. 

Normalmente, nem sabemos que isso é um problema. Eu mesmo, diversas vezes esqueço que jogar um potinho de iogurte no lixo cria um problema gigantesco para a humanidade. Portanto, uma mudança no padrão de consumo seria um grande avanço, mas mudar o que eu e você fazemos no dia a dia não é tão facil assim.

Nós aqui na Facens estamos nos esforçando para fazer parte da solução, não do problema. Não é facil. Ainda temos muitos desafios pela frente.

Mas não vamos conseguir fazer tudo sozinhos, esse tipo de problema requer uma solução coletiva, não uma ação individual. Então, também dependemos de vocês.

Nos ajude! Busque reduzir seu consumo de produtos plásticos, opte por alternativas biodegradáveis ou reutilizáveis.

Descarte plásticos recicláveis da maneira correta, para que possam realmente ser reciclados e reaproveitados.

Reutilize, na medida do possível, os residuos plásticos que você gera.

Pesquise sobre o tema, proponha alternativas e utilize sua criatividade.

Uma curiosidade: lavar a louça economiza mais água do que produzir um copo plástico! A produção de um copo plástico gasta 500 ml de água, enquanto lavar manualmente um copo reutilizável gasta de 350 a 400 ml, dependendo do grau de consciência da pessoa que está executando a função (The Green post).

Então, quando for tomar café, água ou for servir uma refeição, priorize utensílios não descartáveis.

A Facens agradece, a tartaruga agradece, seus filhos, seus netos e nosso futuro!

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Expediente

Jornalista responsável:
Elis Marina de Amaral Gurgel Nunes (MTB 0094600/SP)

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