Com o intuito de auxiliar trabalhadores da Associação dos Apicultores do Vale do Ribeira (Apivale), em Juquiá (SP), estudantes do Centro Universitário Facens desenvolveram uma solução que facilita para os apicultores o processo de limpeza e separação do pólen, coletado para ser comercializado e utilizado na alimentação das abelhas. O novo formato substitui o manual, usado pelos produtores, que gerava dificuldades no dia a dia e no desenvolvimento da apicultura local.
Os oito estudantes do Centro Universitário desenvolveram um soprador para a separação.
“Optamos por aprimorar uma técnica já usada na comunidade: desenvolvemos e criamos o soprador com base em modelos industriais, na escala necessária para os apicultores. Antes eles usavam um ventilador. Também criamos uma caneta com a ponta de gel, que consegue grudar, por meio da eletrostática, as partes desprezadas na separação do pólen, substituindo a pinça e aprimorando a seleção”
explica Jennifer Rocha, estudante de Engenharia Química e uma das participantes da equipe.



O desenvolvimento da solução faz parte do Projeto Florestas Inteligentes, realizado pelo Centro Universitário Facens. De acordo com Vitor Belota, Head de Sustentabilidade e Educação Inovadora na Facens:
o projeto incentiva a bioeconomia, unindo estudantes e comunidades florestais da Amazônia e da Mata Atlântica com o objetivo de desenvolver soluções inteligentes para a conservação das florestas e sua biodiversidade, além da melhoria da qualidade de vida dessas pessoas por meio da geração de renda. E tudo isso, de forma sustentável. Essa metodologia tem sido reconhecida ano após ano”.
Amazônia
O mesmo grupo universitário, também foi desafiado a encontrar uma solução para as mulheres da Associação Amélias da Amazônia, localizada na Florestas Nacional do Tapajós, região amazônica. Ao conversar com a comunidade, as produtoras relataram que toda a extração do óleo de andiroba é feita manualmente e que por isso não conseguem aproveitar totalmente o produto e seus resíduos, como a casca e a massa do fruto.
A proposta foi então a criação de novos processos e produtos, como o biopigmento natural, extraído do que antes virava lixo. A casca tem cheiro de chocolate e valor agregado, já que pode ser aplicado e vendido como tinta natural para artesanato e papelaria, incensos, e até como base natural de cosméticos (pó facial, blush, lip balm), entre outras aplicações ainda em teste. Para facilitar os processos, a equipe vai implementar um triturador elétrico na comunidade.
“Os produtos feitos a partir do biopigmento podem ser armazenados e comercializados ao longo dos meses, permitindo que a associação comercialize os derivados ao longo do ano e não só na época da colheita. Além disso, vamos criar uma prensa para acelerar a retirada do óleo após a sova inicial. Hoje, o processo é feito manualmente e pode durar até 20 dias, com a prensa ele pode cair até pela metade, mas ainda respeitando o processo ancestral utilizado no território”
explica Mel Plens Angelis, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas na Facens e uma das participantes do projeto.
Ouro internacional
Em 2024, o Florestas Inteligentes ficou em primeiro lugar na categoria “Sustentabilidade em Ação Educacional” no QS Reimagine Education Awards e além disso recebeu a premiação máxima do evento, onde dentre os mais de 1600 projetos de 17 categorias diferentes, ficou em primeiro lugar, ganhando o Global Education Award. Dois anos antes, foi bronze no mesmo evento, em Abu Dhabi, e ainda venceu o prêmio “Beneficiando a Sociedade” do Green Gown Awards da ONU, ao reunir quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da organização: erradicação da pobreza, saúde e bem-estar, água limpa e saneamento, e energia acessível e limpa.
O Florestas Inteligentes conta com o apoio dos patrocinadores Reservas Votorantim, pelo quarto ano seguido, e da Veolia, que contribui há dois anos. “É incrível ver o que fizemos ao longo dos últimos quatro anos. Conseguimos tirar os alunos de sala de aula e leva-los até comunidades distantes dos nossos mais valiosos biomas. Tudo isso desenvolvendo tecnologias sustentáveis e sociais para auxiliar o trabalho dessas comunidades e melhorar a qualidade de vida das populações. Para completar, todos os projetos criados ficam disponíveis em nosso site, para qualquer pessoa ou organização que queira replicar as soluções e ampliar a sua aplicação”, reforça Vitor Belota.
Também participam do Florestas Inteligentes os estudantes Pedro Henrique Cesar e Jaqueline Ramos, de Engenharia Química; Lucas Ferreira Neto, de Engenharia da Computação; Luciana Moraes Mendes e Julia David Gomes, de Psicologia e Gabrielle Cristina do Carmo, de Engenharia de Produção.
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