Coordenadora de Engenharia Química da Facens alerta para os riscos do álcool em gel caseiro em matéria para o G1 Sorocaba
Gel de cabelo, espessante de confeiteiro, folhas de gelatina e até etanol combustível são os ingredientes que têm sido usados em receitas caseiras de “álcool em gel”. Com a escassez do produto nas prateleiras de supermercados e farmácias, supostos substitutos andam circulando pela internet e ganhando popularidade, na tentativa de combater a pandemia do novo coronavírus.
Porém, o uso desses produtos feitos em casa pode não só não ter o efeito antisséptico esperado, mas também ser prejudicial à saúde, conforme alerta Sandra Villanueva, coordenadora do curso de engenharia química do Centro Universitário Facens de Sorocaba (SP).
Segundo a engenheira, por mais que os produtos originais de cada mistura possuam certificação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não é possível garantir a qualidade e eficácia quando misturados.
“O objetivo dessas misturas é deixar o álcool etílico, que é líquido, espesso. E tem muita gente tentando adquirir esse produto. É perigoso, pois existe uma recomendação de qual álcool serve para a higienização das mãos”, declarou Sandra.
Além disso, as receitas envolvem processos químicos, podendo ser altamente prejudiciais e até tóxicos, como é o caso da mistura envolvendo etanol combustível.
O álcool em gel 70º industrializado, isto é, devidamente regulamentado, foi desenvolvido para que possa ser aplicado na pele, diferente do álcool líquido, produzido para limpeza de ambientes.
Outro ponto que deve ser considerado, de acordo com a engenheira, é que o álcool etílico líquido, acrescentado a uma outra substância pode ter sua volatilidade comprometida. Ou seja, poderá evaporar, podendo ocorrer da mistura ter baixo teor de álcool.
“Você acaba produzindo algo que não há certeza sobre a eficácia. O álcool em gel já tem uma classificação na Anvisa, já garantindo que não vá ocorrer nenhum tipo de queimadura ou alergia na pele”, destacou.
Sandra Lopes, coordenadora do curso de Engenharia Química da Facens
O uso do produto comprado deve ser feito quando não há possibilidade de lavar as mãos no momento, como quando estiver na rua, e também como um complemento da higiene feita com água e sabão.
Apesar do álcool em gel ser um recurso, lavar as mãos é a melhor forma de desinfetar a pele de vírus e bactérias, segundo recomenda o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Não tem fórmula que possa ser feita em casa que garanta eficácia. As pessoas começam a alucinar com as ‘possibilidades’.Tem que ser um produto com autorização da Anvisa”, explicou Sandra.
Fonte: G1 Sorocaba e Jundiaí