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Criadas em Sorocaba, startups buscam solucionar problemas educacionais e ambientais; conheça o trabalho das empresas

Por Portal G1 Sorocaba

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E-mail, airbag, shopping, feedback. Apesar de estarem em outro idioma, os termos em inglês são frequentemente utilizados em nosso dia a dia e aumentaram ainda mais com o acesso à tecnologia e o crescimento do mundo corporativo. Porém, você sabe o que é uma startup?

De forma literal, a palavra pode ser traduzida como “começar algo novo”. No ramo dos negócios, startup é utilizada para definir uma empresa que ainda está no início, sem um plano de negócios totalmente definido. Geralmente, são negócios inovadores e buscam solucionar um problema.

E você também sabia que existem startups em Sorocaba (SP)g1 conversou com Jonas Vieira e João Lopes, proprietários de empresas criadas na região.

Desde 2018 no mercado, a Fala Education, criada pelo engenheiro Jonas, surgiu para facilitar a educação e o aprendizado de idiomas, conectando alunos com tutores experientes ao redor do mundo. A ideia surgiu durante intercâmbio na Europa, onde ele trabalhou em uma indústria.

“Criei uma paixão por viajar e, após visitar 27 países, retornei ao Brasil e percebi o potencial que temos aqui dentro, porém, muitas vezes, nós nem sabemos das informações que estão lá fora”, conta.

Diante da oportunidade, Jonas começou a pensar em formas de quebrar as barreiras entre países. Assim, ele chegou a uma conclusão: criar uma empresa que facilite o aprendizado de idiomas para pessoas com objetivos no mundo corporativo.

“Muitas pessoas acabam desacreditando que nunca vão aprender um idioma e assim por diante. Por isso, surgiu a Fala. Ela tem o propósito de trazer uma metodologia, fazer um ‘match’ de perfil”, conta.

“Eu quis conectar as pessoas. Se ela está querendo se desenvolver no corporativo, achamos alguém que ensine a partir desta proposta. Se alguém quer viajar aos EUA, procuramos uma pessoa que more ou já morou lá. E assim vai”, complementa.

Jonas comenta que, apesar de uma ideia bem organizada, passou por dificuldades para colocar em prática. Para ele, o sistema educacional do país é falho no incentivo das pessoas ao empreendedorismo.

“Tive muitas dificuldades no conhecimento da prática. O modelo de ensino brasileiro nos treina para ser funcionário, não para ser empreendedor. No começo, foi difícil entender como funciona o jogo, quais são os desafios, entender sobre impostos. Ter um mentor ou estar dentro de um programa para se relacionar com outros empreendedores é muito importante”

ressalta.

O engenheiro afirma que, após o início de funcionamento, a empresa teve um resultado positivo. A princípio, a divulgação foi reduzida, com postagens nas redes sociais e apresentação aos amigos. Hoje, a companhia já possui mais de 100 tutores disponíveis.

Hoje, a startup possui tutores que vão além do inglês. Espanhol, francês, alemão, português, mandarim e até mesmo libras estão presentes no catálogo, que Jonas considera uma sensação de satisfação e orgulho.

“É extremamente satisfatório, um motivo de orgulho. Eu, sozinho, cheguei a ter 20 alunos. Depois, foram surgindo professores e o número foi crescendo. Agora, a Fala é maior que o Jonas, nós temos uma equipe. A responsabilidade é muito grande. Olhando para trás, diria que tudo aconteceria no seu tempo”

diz.

Monitoramento de incêndios

Já para João Lopes, o setor da agropecuária precisava de uma solução inovadora. Os principais problemas eram relacionados aos incêndios e, por isso, começou a produção da Sensaiotech, hoje especializada no monitoramento inteligente de cultivos.

“Tudo começou em 2017, no setor agro. Meu primeiro cliente fazia parte da silvicultura, que envolve o cultivo, manejo e conservação das florestas. Desenvolvi, ao longo das fazendas, um equipamento que monitorava a área em tempo real. Ele precisava de algo que monitorasse os incêndios florestais, então, decidi estudar e testar”, explica.

Na visão de João, os brasileiros não voltam os olhos aos incêndios florestais como deveriam. Foi na expectativa de mudança que ele criou a empresa, que está sediada no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS).

“O Brasil sofre muito com incêndios florestais e, infelizmente, é cultural não prestar atenção nisso. As pessoas pensam: ‘’Ah, deixa queimar. Ano que vem cresce de novo’. E não funciona dessa forma”

lamenta.

A startup foi se destacando e, com o crescimento, chegou a chamar atenção do governo do Canadá. O país, que tem alto interesse no desenvolvimento de empresas do ramo, convidou a Sensaiotech para participar de um processo de incubação – receber suporte para que consigam se desenvolver.

“Desde então, a empresa cresceu bastante e teve acesso a recursos totalmente novos. Conhecemos mercados diferentes e estamos negociando pilotos no Canadá. Tem sido uma ótima experiência”, complementa.

Para a nova etapa da organização, o proprietário tem desenvolvido novas técnicas e mecanismos de trabalho. Entre elas, está um monitoramento de incêndios feito exclusivamente para o modelo canadense.

“O Canadá possui uma forma diferente de olhar para esse assunto. Estamos desenvolvendo um modelo que também abrangerá a cidade, juntamente com as florestas. Isso vai facilitar o controle da poluição e das chamas em muitos outros lugares”, destaca.

Mesmo satisfeito com o resultado, João afirma que empreender não é uma tarefa fácil. Para ele, a resiliência é imprescindível na hora de montar um novo negócio.

“Uma frase que me motivou muito foi ‘Se você está indo em direção ao inferno, continue em frente’, dita por Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido. A resiliência é principal. Às vezes, tudo vai dar errado, mas temos que continuar”, reforça.

Baixo custo + alta capacidade = economia fortalecida

De acordo com Natália Marangão, coordenadora do Centro de Empreendedorismo do Centro Universitário Facens, em Sorocaba, as startups possuem uma imensa importância para o desenvolvimento econômico do país. Isso se deve ao seu baixo custo para iniciar as operações e a sua capacidade rápida de atender demandas.

“É muito bacana o empreendedorismo de impacto social, que são problemas sociais, ambientais que o mundo enfrenta e essas empresas chegam para tentar com tecnologia e escalabilidade. Quando as empresas grandes precisam fazer mudanças, elas são gigantes transatlânticos tentando virar no oceano. Já as startups são lanchinhas, jet skis, rápidas”, explica.

Na opinião da especialista, iniciar um negócio no ramo pode significar uma chance de rentabilidade. Para uma boa iniciativa, é necessário entender quais são os interesses do público-alvo.

“Podemos dizer que é rentável, pois a startup é uma empresa que começa sem muitos recursos, e ela tem uma mentalidade que chamamos de cultura do experimento. É preciso testar muitas vezes diferentes coisas e isso permite mudar em pouco tempo. Você também precisa falar muito com o seu cliente, para ter certeza que aquilo que você pretende lançar faz sentido. Tecnologicamente, é possível estruturar diferentes parcerias para viabilizar o primeiro teste, para começar a andar no mercado e depois, aos poucos, ir crescendo e se adaptando”, conta.

Natália conta que, para frequentar o Centro de Empreendedorismo da instituição, não é necessário ser aluno ou professor. No local, são feitos programas de mentorias e pré-acelerações anuais para ajudar no crescimento da empresa.

“Ele funciona para toda a sociedade. Nós lançamos programas com inscrições abertas para todos públicos, como um programa de pré-aceleração anual, mentorias e intervenções dentro dos cursos de graduação. Em diferentes disciplinas, levamos o olhar empreendedor de startups e de cada mercado em que trabalhamos, para que os alunos possam enxergar seus potenciais”, pontua.

Parque Tecnológico de Sorocaba

O Parque Tecnológico de Sorocaba, onde a empresa de João está localizada, começou a ser idealizado em 2007, quando o então prefeito, Vitor Lippi, reuniu um grupo de cidadãos para a criação de ideias de inovação. O empreendimento, aberto ao público, passou a funcionar em 2009.

De acordo com o presidente do PTS, Nelson Cancellara, o local possui uma vasta estrutura para as pessoas interessadas em empresas do tipo. Entre os equipamentos, estão um laboratório de prototipagem e diversas impressoras 3D.

“No parque, nós temos incubadoras de empresas, feitas a partir de uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Além disso, oferecemos diversos tipos de softwares, que podem colaborar com o empreendedor que possui uma ideia e queira materializar, fora os laboratórios em diversas áreas, universitárias, farmacêuticas, automotivas, entre outras”, comenta.

Atualmente, o recinto possui uma grande importância para a região metropolitana de Sorocaba. Conforme a fala de Nelson, o PTS representa a base de um grande ecossistema de ciência e tecnologia.

“O Parque Tecnológico possui uma relevância grande para a cidade. Ele possui o poder da capilaridade e de conectar o poder público com a ciência e a inovação, juntamente com as indústrias e as instituições de ensino. Em todo o país, existem cerca de 60 parques do tipo, somente. Hoje, é possível considerar que o de Sorocaba é um dos três mais importantes”, explica.

O presidente afirma que, durante os anos de funcionamento, o Parque Tecnológico já recebeu mais de 400 startups. Em uma pesquisa, feita em 2022, foi constatado que cerca de 75% das empresas ainda estavam em atividade.

“Nós possuímos vários programas que apoiam startups e seus empreendedores. Nosso objetivo é tirar a ideia da cabeça e tornar realidade, acelerando o desenvolvimento. Já tivemos empresas que saíram daqui e, hoje, tem mais de 900 funcionários. O apoio é bem eficiente”

finaliza.

O Parque Tecnológico de Sorocaba é aberto ao público e, durante as quintas-feiras, há um roteiro de visitação mediante agendamento prévio pelo site, ou pelo número (15) 3316-2323. O PTS fica situado na Avenida Itavuvu, n° 11.777, no Jardim Santa Cecília.

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Expediente

Jornalista responsável:
Elis Marina de Amaral Gurgel Nunes (MTB 0094600/SP)

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