Por G1 Sorocaba
Um cão-robô que utiliza Inteligência Artificial (IA) vai participar de testes para auxiliar na segurança em escolas de Sorocaba (SP). A tecnologia, conforme a prefeitura, também será testada como alternativa para realização de varreduras em áreas de risco. O g1 conversou com uma especialista em tecnologia para entender como estes dispositivos podem beneficiar uma cidade e seus moradores.
Desenvolvido pela startup chinesa Unitree Robotics, o robô possui quatro pernas articuladas, além de câmeras, sensores térmicos, microfones e caixas de som. O equipamento é controlado por meio de um software instalado em um tablet e é conectado ao 5G.
De acordo com um vídeo publicado pelo prefeito, Rodrigo Manga (Republicanos), nas redes sociais, o cão-robô deve atuar em conjunto com a Guarda Civil Municipal e a Defesa Civil, em ações educativas nas escolas, e também em varreduras nos arredores das unidades.
Ainda conforme o prefeito, o equipamento, apelidado de Rambo, também deve auxiliar as equipes entrando em prédios com risco de desabamento. Em nota, a prefeitura informou que a aquisição do robô foi feita por meio de uma parceria com uma empresa privada “em caráter experimental e sem custos”.
Conforme apurado pelo g1, o cão-robô, do modelo Unitree Go2, custa a partir de U$ 1,6 mil. Seu modelo mais completo, com maior duração de bateria e um sistema mais automatizado, chega a custar mais de U$ 3 mil. Na conversão para o real, o valor ultrapassa R$ 16 mil.
De acordo com a professora Regiane Relva Romano, doutora em Tecnologia da Informação e diretora de Cidades Inteligentes do Centro Universitário Facens, em Sorocaba (SP), a virtualização dos serviços básicos oferecem uma gama de soluções que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, e o cão-robô é um exemplo prático disso, quando utilizado em ações bem planejadas e estruturadas.
“Eles podem auxiliar na segurança por meio da visão computacional a identificar padrões suspeitos e acionar a polícia ou o Corpo de Bombeiros no caso de fogo ou até a ambulância, no caso de acidentes”, explica.
Regiane reforça que o cão-robô também pode ser interessante para diversas outras áreas de uma cidade, principalmente os modelos mais completos, que contam com sensores, câmeras, comandos de voz, GPS, entre outros recursos.
“Uma das principais vantagens são suas articulações que permitem que ele ande em terrenos diversos, suba e desça escadas, acesse ambientes restritos, bem como as câmeras e sensores que permitem o reconhecimento de perímetro, de biometria facial, de reconhecimento de voz, além da visão computacional, tudo integrado à Inteligência Artificial”, afirma.
“Quando colocamos próximos à escolas, por exemplo, vão encantar as crianças pelo design e ao mesmo tempo, poderão ser um instrumento de aumento da segurança de forma gamificada”, pontua.
Evolução da IA no serviço público
Regiane explica que o uso da IA no serviço público foi potencializado pela transformação digital presenciada durante a pandemia de Covid-19.
“A pandemia acelerou a transformação digital em todas as áreas, incluindo a governamental. Os serviços públicos já estão suportados pela IA. Vários serviços que só poderiam ser realizados presencialmente, hoje são executados na palma da mão, como prova de vida, comprovantes de vacinas, consultas de multas, transferências, assinaturas de documentos com autenticação digital, pagamento de contas, aposentadoria, entre outras tantas”, explica.
A professora também reforça que os dados coletados por meio dessas tecnologias podem ajudar a gestão pública a desenvolver soluções preditivas, que podem ser benéficas para a experiência do cidadão com os serviços públicos.
Aplicativos com algoritmos inteligentes, agendamento online de consultas e exames por meio da geolocalização, além do uso de câmeras de monitoramento que leem placas de carros e identificam veículos roubados, IPVA vencido, etc., são alguns dos exemplos do uso da IA em benefício da cidade.
Aliada ou inimiga?
Em 2021, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) criou a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (Ebia), que visa nortear ações de desenvolvimento de soluções em IA, priorizando o uso consciente, ético e alinhado com as diretrizes do Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De acordo com a Ebia, o debate sobre as potencialidades da IA ocorre no Brasil há cerca de cinco décadas, e aglomera discussões técnicas e jurídicas acerca de seu uso, suas aplicações e até sua interação com os seres humanos nos processos de tomada de decisões.